Isolada, ação externa não basta para resolver problema, afirmou Insulza. Grupos pró e anti-Lugo prometem protestos nesta quarta em Assunção.
O secretário-geral da OEA, José Miguel Insulza, disse nesta terça-feira (26) que o Paraguai enfrenta uma "crise institucional" que não pode ser resolvida apenas pela ação externa.
"Essa é uma situação bastante nova, que não afeta o respeito à lei, mas as normas aplicadas de uma maneira que alguns estados membros consideram que causa prejuízo à democracia."
Bernardino Hugo, representante paraguaio no organismo, disse que o governo do presidente Federico Franco pediu que ele seguisse representando o país, e que ele o fará convencido "de que se cumpriram as normas constitucionais."
As declarações foram feitas no começo da reunião da Organização dos Estados Americanos (OEA) para estudar eventuais medidas diante dos acontecimentos no Paraguai, depois que o Congresso destituiu Fernando Lugo da presidência na última sexta.
A OEA realizou uma primeira reunião de emergência na sexta-feira sobre os acontecimentos no país, que serviu para que os países da organização hemisférica apresentassem suas dúvidas sobre o processo político.
"Unasul e Mercosul
Esta será a primeira das três reuniões de organizações internacionais para discutir a situação no país.
Esta será a primeira das três reuniões de organizações internacionais para discutir a situação no país.
Também na segunda, a Unasul (União das Nações Sul-americanas) decidiu remarcar para a sexta-feira (29), na cidade argentina de Mendonza, sua reunião para discutir o caso Paraguai.
Segundo a chancelaria do Peru, país que sediaria o encontro na quarta, a intenção é que a reunião coincida com a Cúpula do Mercosul, já marcada para Mendonza nesta data, para aproveitar a presença dos chefes de Estado na cidade.
Segundo a chancelaria do Peru, país que sediaria o encontro na quarta, a intenção é que a reunião coincida com a Cúpula do Mercosul, já marcada para Mendonza nesta data, para aproveitar a presença dos chefes de Estado na cidade.
Presidentes dos dois grupos diplomáticos devem discutir uma posição sul-americana conjunta sobre o impeachment do presidente Fernando Lugo e a consequente posse de Federico Franco no governo paraguaio.
O rápido julgamento político de Lugo levou o Paraguai a um crescente isolamento diplomático na região, com a sua suspensão de encontros tanto do Mercosul como da Unasul.
O presidente afastado Lugo, no entanto, afirmou estar em contato com a presidente argentina Cristina Kirchner, que ocupa a presidência temporária do Mercosul, para ir à reunião do bloco "prestar explicações" sobre a situação.
O julgamento político sumário que destituiu Lugo na sexta-feira, alçando à presidência o então vice-presidente Federico Franco, recebeu uma forte condenação dos países do continente, muitos dos quais anunciaram que não reconhecerão o novo governo.
Manifestantes favoráveis e contrários à permanência de Lugo no poder prometeram grandes manifestações para quarta-feira.
Crise no Paraguai
Federico Franco assumiu o governo do Paraguai na sexta-feira (22), após o impeachment de Fernando Lugo. O processo contra Lugo foi iniciado por conta do conflito agrário que terminou com 17 mortos no interior do país.
A oposição acusou Lugo de ter agido mal no caso e de estar governando de maneira "imprópria, negligente e irresponsável".
Ele também foi acusado por outros incidentes ocorridos durante o seu governo, como ter apoiado um motim de jovens socialistas em um complexo das Forças Armadas e não ter atuado de forma decisiva no combate ao pequeno grupo armado Exército do Povo Paraguaio, responsável por assassinatos e sequestros durante a última década, a maior partes deles antes mesmo de Lugo tomar posse.
Federico Franco assumiu o governo do Paraguai na sexta-feira (22), após o impeachment de Fernando Lugo. O processo contra Lugo foi iniciado por conta do conflito agrário que terminou com 17 mortos no interior do país.
A oposição acusou Lugo de ter agido mal no caso e de estar governando de maneira "imprópria, negligente e irresponsável".
Ele também foi acusado por outros incidentes ocorridos durante o seu governo, como ter apoiado um motim de jovens socialistas em um complexo das Forças Armadas e não ter atuado de forma decisiva no combate ao pequeno grupo armado Exército do Povo Paraguaio, responsável por assassinatos e sequestros durante a última década, a maior partes deles antes mesmo de Lugo tomar posse.
O processo de impeachment aconteceu rapidamente, depois que o Partido Liberal Radical Autêntico, do então vice-presidente Franco, retirou seu apoio à coalizão do presidente socialista.
A votação, na Câmara, aconteceu no dia 21 de junho, resultando na aprovação por 76 votos a 1 – até mesmo parlamentares que integravam partidos da coalizão do governo votaram contra Lugo. No mesmo dia, à tarde, o Senado definiu as regras do processo.
Na sexta, o Senado do Paraguai afastou Fernando Lugo da presidência. O placar pela condenação e pelo impeachment do socialista foi de 39 senadores contra 4, com 2 abstenções. Federico Franco assumiu a presidência pouco mais de uma hora e meia depois do impeachment de Lugo.
A votação, na Câmara, aconteceu no dia 21 de junho, resultando na aprovação por 76 votos a 1 – até mesmo parlamentares que integravam partidos da coalizão do governo votaram contra Lugo. No mesmo dia, à tarde, o Senado definiu as regras do processo.
Na sexta, o Senado do Paraguai afastou Fernando Lugo da presidência. O placar pela condenação e pelo impeachment do socialista foi de 39 senadores contra 4, com 2 abstenções. Federico Franco assumiu a presidência pouco mais de uma hora e meia depois do impeachment de Lugo.
Em discurso após o impeachment, Lugo afirmou que aceitava a decisão do Senado.
Mas, neste domingo, Lugo voltou atrás, aumentou o tom disse que não reconhece o governo de Federico Franco e que não deve, portanto, aceitar o pedido do novo presidente para ajudá-lo na tarefa de explicar a mudança de governo a países vizinhos.
Isolamento
O analista político José Carlos Rodríguez, um consultor em Assunção, disse à Reuters que, apesar do isolamento internacional, o apoio das forças políticas locais a Franco é amplo, mas advertiu que o cenário interno pode mudar.
Franco "tem um apoio político gigantesco, mas é conjuntural e não sabemos quanto tempo vai durar", disse.
O novo governo de um dos países mais pobres da América do Sul está isolado regionalmente, depois que Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, Equador, Venezuela, Peru e Uruguai retiraram ou chamaram para consultas seus embaixadores em Assunção.
Mas, neste domingo, Lugo voltou atrás, aumentou o tom disse que não reconhece o governo de Federico Franco e que não deve, portanto, aceitar o pedido do novo presidente para ajudá-lo na tarefa de explicar a mudança de governo a países vizinhos.
Isolamento
O analista político José Carlos Rodríguez, um consultor em Assunção, disse à Reuters que, apesar do isolamento internacional, o apoio das forças políticas locais a Franco é amplo, mas advertiu que o cenário interno pode mudar.
Franco "tem um apoio político gigantesco, mas é conjuntural e não sabemos quanto tempo vai durar", disse.
O novo governo de um dos países mais pobres da América do Sul está isolado regionalmente, depois que Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, Equador, Venezuela, Peru e Uruguai retiraram ou chamaram para consultas seus embaixadores em Assunção.
A pressão da região é bastante perigosa para a pobre economia do Paraguai, que depende dos portos de seus vizinhos Argentina, Brasil e Uruguai para o transporte e o abastecimento, além das exportações.
O governo brasileiro disse que não tomará medidas que "afetem o povo irmão paraguaio".
O Uruguai também afirmou que não adotará sanções econômicas.
A Venezuela anunciou a interrupção do envio de petróleo ao Paraguai, mas o presidente da estatal paraguaia Petropar garantiu o abastecimento no país, um importador.
O novo chanceler paraguaio, José Félix Fernández Estigarribia, que tentou sem sucesso fazer contato com seus pares da região, disse que nem sequer o diplomata responsável pela embaixada da Argentina em Assunção o atendeu pelo telefone.
"Telefonei ao encarregado de negócios da Argentina e eles têm ordens de ainda não atender ao telefone", disse.
A Alemanha afirmou que a Europa estava seguindo com preocupação os acontecimentos no Paraguai.
Os Estados Unidos, por sua vez, informaram que a sua secretária de Estado, Hillary Clinton, conversou com o chanceler brasileiro, Antonio Patriota, no fim de semana sobre a situação.
"Estamos muito preocupados pela velocidade do processo utilizado para esse impeachment", disse em entrevista coletiva a porta-voz do Departamento de Estado, Victoria Nuland.
O governo brasileiro disse que não tomará medidas que "afetem o povo irmão paraguaio".
O Uruguai também afirmou que não adotará sanções econômicas.
A Venezuela anunciou a interrupção do envio de petróleo ao Paraguai, mas o presidente da estatal paraguaia Petropar garantiu o abastecimento no país, um importador.
O novo chanceler paraguaio, José Félix Fernández Estigarribia, que tentou sem sucesso fazer contato com seus pares da região, disse que nem sequer o diplomata responsável pela embaixada da Argentina em Assunção o atendeu pelo telefone.
"Telefonei ao encarregado de negócios da Argentina e eles têm ordens de ainda não atender ao telefone", disse.
A Alemanha afirmou que a Europa estava seguindo com preocupação os acontecimentos no Paraguai.
Os Estados Unidos, por sua vez, informaram que a sua secretária de Estado, Hillary Clinton, conversou com o chanceler brasileiro, Antonio Patriota, no fim de semana sobre a situação.
"Estamos muito preocupados pela velocidade do processo utilizado para esse impeachment", disse em entrevista coletiva a porta-voz do Departamento de Estado, Victoria Nuland.
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