Cursos complementares e hobbies nem sempre acrescentam algo à vaga. Especialistas dão dicas sobre o que deve ser mencionado.
Atividades extracurriculares, como cursos complementares e hobbies, nem sempre devem ser mencionadas no currículo profissional, afirmam especialistas. Para incluir essas informações, o candidato deve avaliar se o complemento servirá para denotar competência para o cargo de interesse.
Para jovens profissionais ou iniciantes, porém, as atividades extracurriculares são mais valorizadas, dizem especialistas em recursos humanos, pois podem complementar o currículo e trazer uma informação importante sobre o candidato, na falta de uma experiência profissional.
Veja nos quadros abaixo dicas sobre o que colocar no currículo:
HOBBIES | |||
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ATIVIDADES | RESPOSTAS | ||
Fábia Barros, gerente de projetos da Foco Talentos | Marcelo Abrileri, presidente da Curriculum | Selma Fredo, consultora da DBM | |
Cozinhar bem | Não. O assunto pode ser comentado na entrevista | Somente se o profissional estiver concorrendo a uma vaga na área | Não. Melhor mencionar na entrevista e apenas se surgir um momento de abertura e descontração |
Cursos que não são ligados à área de atuação/interesse | Não. Melhor comentar na entrevista | O melhor é que sejam mencionados apenas na entrevista, dentro de um contexto adequado, caso solicitado | Colocar no currículo somente se o candidato souber justificar na entrevista de que forma os cursos o tornam mais qualificado para a função |
Participar de grupos artísticos | Sim, pois demonstra desenvoltura e disciplina | Somente para cargos relacionados à área. Em outros casos, mencionar na entrevista como um hobby. Mas isso apenas em momento oportuno e quando solicitado | Não. Melhor mencionar na entrevista |
Participar de grupos de escoteiros | Somente para quem está no início da carreira, pois demonstra desenvoltura, senso de time, liderança e comprometimento | Somente em alguns casos, como ocupar um cargo de líder. Também pode ajudar candidatos em busca do primeiro emprego | Não. Melhor mencionar na entrevista e somente se o candidato for bastante ligado ao grupo |
Praticar esportes | Somente se o profissional participar de competições, o que demonstra um compromisso com a atividade | Somente para cargos relacionados à prática de esportes. Em outros casos, mencionar na entrevista, no momento em que o candidato é solicitado a falar sobre si mesmo | Não. Melhor mencionar na entrevista |
ATIVIDADES EXTRAS | |||
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ATIVIDADES | RESPOSTAS | ||
Fábia Barros, gerente de projetos da Foco Talentos | Marcelo Abrileri, presidente da Curriculum | Selma Fredo, consultora da DBM | |
Ser síndico do prédio | Não | Somente para iniciantes, caso tenha sido realizada uma atuação importante nesse papel. Pode ser mencionado por quem busca uma posição de chefia e não tenha experiência na função | Não. Melhor mencionar na entrevista |
Participar de atividades religiosas | Não | Não. Iniciantes, porém, podem adicionar a informação se existir uma atuação relevante realizada no contexto e caso saibam que o contratante é da mesma religião. Caso contrário, há o risco de sofrer discriminação pela religião | Não mencionar nem no currículo nem na entrevista. A questão é pessoal e diz respeito apenas ao indivíduo, não ao profissional |
Participar de associações de bairro | Não | Somente para iniciantes, caso tenha sido realizada uma atuação importante nesse papel. Pode ser mencionado por quem busca posição relacionada às funções feitas na associação e não tenha experiência profissional na área | Não. Melhor mencionar na entrevista e somente se existir abertura |
Praticar atividades voluntárias | Somente para quem está no início de carreira. Para os veteranos, vale mencionar na entrevista. As atividades demonstram generosidade, disponibilidade e disciplina | Sim. Mencionar nos últimos itens do currículo para não parecer autopromoção | Colocar no currículo somente se o candidato souber justificar na entrevista de que forma as atividade o tornam mais qualificado para a função |
Ter ligação com algum partido político | Não | Não | Não mencionar nem no currículo nem na entrevista. A questão é pessoal e diz respeito apenas ao indivíduo, não ao profissional |
Ser sindicalista | Não | Não | Não. Melhor mencionar na entrevista e apenas se existir questionamento nesse sentido |
VIDA ACADÊMICA/INTERCÂMBIO | |||
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ATIVIDADES | RESPOSTAS | ||
Fábia Barros, gerente de projetos da Foco Talentos | Marcelo Abrileri, presidente da Curriculum | Selma Fredo, consultora da DBM | |
Fazer iniciação científica | Sim. Para aqueles que não têm experiência, vale demonstrar o conteúdo teórico | Sim, principalmente para jovens profissionais ou para quem busca carreira acadêmica | É importante dependendo do nível do profissional. Para um recém-formado é uma informação valiosíssima |
Prêmios acadêmicos | Sim. Para aqueles que não têm conteúdo prático vale demonstrar o conteúdo teórico | Pode valer para jovens profissionais em busca de primeiras oportunidades. Para quem já tem mais experiência, pode não fazer sentido, a não ser que os prêmios permaneçam realmente relevantes ou para uma carreira acadêmica | É fundamental em currículos para o mercado acadêmico. Em outros casos é preciso ter cuidado para não deixar a impressão de que a vida na universidade foi mais valorizada que a trajetória no mundo corporativo |
Participação em grêmios estudantis ou centros acadêmicos | Somente para quem está no início da carreira. Demonstra liderança e interresse em defender times e causas sociais | Mencionar apenas quando não há experiência profissional | É interessante para recém-formados |
Ter feito uma empresa júnior na faculdade | Somente para quem está no início de carreira. | Somente para quem não tem experiência anterior | Fundamental no caso de recém-formados |
Ter experiência internacional/intercâmbio | Sim, principalmente para quem está no início de carreira. É valido pelo desenvolvimento comportamental | Sim. O intercâmbio vale principalmente para jovens profissionais. Para os experientes, a vivência internacional pode ajudar em cargos em que outro idioma é necessário ou a experiência traga aprendizado | Sim. É fundamental mencionar no item “realizações do profissional”. Se algum curso extracurricular importante foi realizado no exterior, deve-se mencioná-lo no campo “cursos complementares”, apenas se existir relação com o objetiva |
EXPERIÊNCIAS EM OUTRAS ÁREAS | |||
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ATIVIDADES | RESPOSTAS | ||
Fábia Barros, gerente de projetos da Foco Talentos | Marcelo Abrileri, presidente da Curriculum | Selma Fredo, consultora da DBM | |
Fazer um bico | Somente para quem está no início de carreira | Não. Porém, cabe distinguir o bico de atividades como freelancer ou autônomo, que, se desempenhadas com regularidade e na área de atuação, devem ser mencionadas | Não mencionar nem no currículo nem na entrevista, pois pode demonstrar falta de foco do candidato |
Apresentar palestras e seminários | Sim. Demonstra desenvoltura e fluência verbal | Mencionar no resumo de experiências do profissional | Sim. Pode-se simplesmente mencionar a habilidade adquirida ou entrar em detalhes sobre o tipo de palestra, onde e quando foi feita |
Ter Blog/Fotolog | Sim, mas deve-se tomar cuidado com o conteúdo das páginas | Mencionar em caso de o conteúdo da página ser relacionado à área de interesse. No entanto, é arriscado apresentar um blog com erros de português, mal escrito ou que seja utilizado como um diário | É mais interessante mencionar o endereço em sites de relacionamento profissional. A informação deve ficar junto com os dados pessoais |
Experiência como dona de casa | Não | Somente se o cargo for relacionado a atividades de limpeza e manutenção de escritórios. Caso contrário, poderá gerar preconceito por parte de alguns selecionadores, por mais que a dona de casa seja uma excelente administradora das questões domiciliares | Recomendo substituir o currículo por uma carta de apresentação que explique, sucintamente, como a empresa pode identificar, nas tarefas domésticas, o perfil ideal para a posição a ser preenchida |
Como montar o currículo
De acordo com Fábia Barros, o currículo deve ser montado com a seguinte estrutura: informações pessoais, informações acadêmicas, idiomas, informática, resumo de qualificações, histórico profissional e, por último, informações complementares (extracurriculares). Veja na tabela abaixo.
De acordo com Fábia Barros, o currículo deve ser montado com a seguinte estrutura: informações pessoais, informações acadêmicas, idiomas, informática, resumo de qualificações, histórico profissional e, por último, informações complementares (extracurriculares). Veja na tabela abaixo.
INFORMAÇÕES PESSOAIS | |
INFORMAÇÕES ACADÊMICAS | |
IDIOMAS | |
INFORMÁTICA | |
RESUMO DE QUALIFICAÇÕES | |
HISTÓRICO PROFISSIONAL | |
INFORMAÇÕES COMPLEMENTARES (EXTRACURRICULARES) |
Justificativa
Para Selma Fredo, consultora da DBM, de um modo geral, cursos que não justifiquem o objetivo do currículo não devem ser mencionados. “De nada adiantará dizer que se tem oito anos de piano clássico se a área e função almejadas não comportam a informação”, afirma. De acordo com ela, o melhor é falar sobre essas experiências na entrevista e, mesmo assim, se existir abertura.
Para Selma Fredo, consultora da DBM, de um modo geral, cursos que não justifiquem o objetivo do currículo não devem ser mencionados. “De nada adiantará dizer que se tem oito anos de piano clássico se a área e função almejadas não comportam a informação”, afirma. De acordo com ela, o melhor é falar sobre essas experiências na entrevista e, mesmo assim, se existir abertura.
Selma também sugere que a inclusão ou não de algumas atividades no currículo pode variar de acordo com o cargo de interesse. Para ela, cursos complementares podem não caber na ficha de um candidato a presidência de uma empresa, mas podem ser necessários para funções técnicas ou de auxiliares, já que ressaltam o esforço do profissional pela busca de melhorias no desempenho profissional.
"Algumas atividades desenvolvem traços comportamentais importantes, que podem ser demonstrados com a liderança de um grupo de escoteiro, generosidade num trabalho voluntário ou facilidade de comunicação num grupo de teatro”, diz a gerente de projetos da Foco Talentos, Fábia Barros.
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